Na semana passada foi dia do Alex experimentar mergulho de escafandro. Desde que se iniciou no snorkeling que ansiava por fazer mais e experimentar ir um pouco mais longe, tendo até já pensado em comprar um fato de neoprene e barbatanas para dar mais segurança e conforto no mar. Assim no último dia dos namorados a Angie ofereceu-lhe um baptismo de mergulho com escafandro, que finalmente foi marcada para a semana passada.
A hora de encontro era às 13:15 mas nós chegámos lá por volta das 11:30. Decidimos dar uma voltinha pelo porto de pesca para acharmos a loja da Cipreia, a empresa responsável pelo baptismo de mergulho. Depois de algumas voltas acabámos por encontrar o local mas como já era quase hora de almoço, e não convinha comer muito tarde, por causa da saída para o mar, decidimos procurar um local para comer na zona do porto, numa das tasquinhas típicas.
Chegada a hora combinada lá chegámos à Cipreia para descobrir que estava tudo atrasado e só devíamos voltar passado 1h. Aproveitámos para dar mais uma volta pela marina e ficámos só a conversar e curtir o sol que se fazia sentir.
Finalmente aproximou-se a nova hora combinada e lá fomos de novo para a Cipreia. Lá ficámos a conhecer as outras pessoas que iriam fazer também o seu baptismo de mergulho e começou a distribuição dos fatos de mergulho. Logo aí começou o meu stress… Recebi um fato de tamanho S, o que estranhei, mas experimentei-o na mesma. Realmente cabia lá dentro, embora tenha ficado logo com um sentimento de aperto quando o fechei. Na altura pensei que seria apenas do calor que se fazia sentir nos vestiários…
Após sairmos dos vestiários recebemos o briefing de segurança e saímos para o mar. O mar estava picado e a viagem foi bastante batida, o que no início foi divertido, pelo menos enquanto o barco ia em movimento. Fomos para uma zona de Sesimbra em que o mar estava um pouco mais calmo, pois era uma região mais protegida das agruras do mar. As pessoas começaram a sair para a água e pouco a pouco foram fazendo o seu baptismo com sucesso.
Entretanto a Angie começou a desesperar com o ondular do barco e ficou muito mal disposta, acabando por alimentar os peixinhos várias vezes…
Finalmente chegou a minha vez de mergulhar e comecei por fechar o fato de mergulho… e aí começaram os meus problemas… De novo o sentimento de grande aperto na barriga e no peito apoderou-se de mim e não me deixava respirar. Mais uma vez pensei que fosse do fato, embora o mesmo não me estivesse fisicamente a limitar a capacidade respiratória. Stressei um pouco mas segui em frente e comecei a colocar o cinto de chumbos, que tem de ficar bem apertado, e fiquei ainda mais stressado com a respiração. Por fim fechei o capuz do fato, coloquei os óculos de mergulho com vista afunilada e comecei logo a hiperventilar… Parei por um segundo para me acalmar, desapertei o cinto e retirei o capuz, abri um pouco o fato no peito e voltei ao normal. Como não me apetecia não fazer o mergulho voltei logo à carga, pensando que debaixo de água aquele sentimento desapareceria, e voltei a vestir tudo, coloquei o colete com o escafandro e atirei-me para a água, segundo a Angie a entrada na água foi feita à profissional.
Já dentro de água, estava nitidamente a hiperventilar, não dava para descer confortavelmente e por isso eu e a instrutora decidimos tentar retirar o capuz, para retirar o sentimento de claustrofobia. Esta decisão ajudou imenso mas criou outro problema, a água estava fria… demasiado fria para eu aguentar ir aos 7m de profundidade sem o capuz. Voltámos a tentar fechar o capuz mas voltou a dificuldade em respirar.
Enfim, o que dizer, é nestes momentos que se descobrem coisas sobre nós que desconhecíamos. Ainda vi o fundo do mar, não me fazia confusão, mas o aperto gerado pelo fato apertado deixou-me claustrofóbico e preferi não colocar a instrutora e eu próprio em perigo, abortando a descida. Voltei ao barco e retirei o fato todo para recuperar a respiração só para acabar por ficar mal-disposto com o ondular do barco… por fim já éramos uns 3 ou 4 a alimentar os peixinhos ao mesmo tempo… Curioso também que nunca tinha enjoado num barco…
Pensando melhor sobre o assunto, já não é a primeira vez que sinto um aperto na respiração quando estou em sítios muito apertados, simplesmente nunca tinha experienciado estar tão fechado dentro de algo, por isso ter sido apanhado de surpresa… É um sentimento muito forte, apesar de nunca ter perdido o controlo da situação é sempre frustrante descobrir uma limitação do nosso corpo.
Ficou a vontade de experimentar de novo, mas será preciso alguma terapia de habituação ao ambiente do fato de mergulho para vencer esta claustrofobia. A Angie já esta a pensar em formas de darmos a volta a esta questão e ela acredita que mais cedo do que espera lá vou eu outra vez dar um mergulho no mar de Sesimbra, possivelmente acompanhado (!?!?).